sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sociedade
'Pobre educação no Brasil'

Publicada em 29/04/2010 às 13h15m
Artigo do leitor Luiz Antonio Vila Flor do Globo
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Ontem, quarta-feira, 28 de abril, foi o dia da educação. Você sabia?
Poucos sabem.
Até mesmo entre os educadores se ignora a data.
Mas isto pode ser considerado normal em um país onde o desapreço pela educação é tão evidente; um país onde a educação é tratada como coisa secundária, servindo o vocábulo mais à demagogia política do que à instituição e consolidação da cidadania.
Numa data tão propícia à análise da política educacional do Brasil e à avaliação da eficiência das estruturas educacionais existentes, o que se vê é o silêncio.
Um silêncio infectado com a mais perversa das intenções: a manutenção da ignorância.
Nos jornais de grande circulação não se viu nenhum caderno sobre educação.
Nas emissoras de rádio e de televisão nenhum destaque, nenhuma matéria especial, nem mesmo nas redes educativas.
Parece que os especiais sobre os 50 anos de Brasília cegaram as mídias, que não enxergaram, para a semana seguinte, um tema de tão fundamental relevância.
Os veículos de comunicação, a classe política de maneira geral, o sistema capitalista terceiromundista, obtuso e cruel, e principalmente as religiões estruturadas, mantém-se fiéis à hipocrisia instituída e, por obra de um grande esforço de propaganda, disseminam a ilusão de que têm interesse pela educação, quando na realidade produzem apenas perfumaria.
A mesma emissora de televisão que noticia, com alarde, as péssimas condições (físicas, materiais) das escolas é incapaz de produzir uma matéria crítica onde se discuta a qualidade da educação (esta mesma emissora talvez não tenha nenhum programa educativo, ao contrário, provavelmente mantenha em sua grade verdadeiras aberrações).
Respeitando e parabenizando as exceções, temos uma contaminação generalizada entre os educadores.
Um grande contingente de profissionais está envolvido com artimanhas políticas, através da atividade sindical.
Um outro contingente é alienado e exerce sua profissão de forma burocrática, tão somente cumprindo as rotinas estabelecidas, como se fosse um quitandeiro, um pedreiro, um sapateiro.
Esperam a aposentadoria para se verem livres deste aborrecimento.
O educador Darcy Ribeiro assim diz em um de seus textos: "A rica direita brasileira, desde sempre no poder, sempre soube dar, aqui ou lá fora, a melhor educação a seus filhos. Aos pobres dava a caridade educativa mais barata que pudesse, indiferente à sua qualidade (...)."[...]
O pensamento de Teixeira sobre a educação no Brasil pode ser resumido neste texto de sua autoria: "Sou contra a educação como processo exclusivo de formação de uma elite, mantendo a grande maioria da população em estado de analfabetismo e ignorância. Revolta-me saber que dos cinco milhões que estão na escola, apenas 450.000 conseguem chegar à 4ª série, todos os demais ficando frustrados mentalmente e incapacitados para se integrarem em uma civilização industrial e alcançarem um padrão de vida de simples decência humana. Choca-me ver o desbarato dos recursos públicos para educação, dispensados em subvenções de toda natureza a atividades educacionais sem nexo nem ordem, puramente paternalistas ou francamente eleitoreiras".[...]
Este artigo foi escrito por um leitor do Globo.
Fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2010/04/29/pobre-educacao-no-brasil-916458907.asp

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