quarta-feira, 22 de maio de 2019

Professores enfrentam perseguição e desafios para lecionar


Desde o ano passado, estudantes estão sendo incentivados pelo governo federal e o presidente Jair Bolsonaro (PSL) a filmarem aulas em que supostamente estaria ocorrendo uma “doutrinação” com viés “esquerdista”. Com isso, muitos educadores estão tendo ainda mais dificuldade para lecionar.
De acordo com a professora Maíra Machado, que também é diretora de oposição da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), essa perseguição aos educadores está ligado ao projeto de governo que é de extrema direita, está aliado ao capital estrangeiro e tem interesse em privatizar ainda mais o ensino.
Além disso, ela lembra que alunos e professores sempre estiveram historicamente unidos em manifestações contra governos e a favor de uma melhoria na educação e das condições de trabalho para os educadores. Um exemplo que Maíra deu foi em relação às ocupações das escolas que aconteceram em 2015.
Ela diz ainda que essa união entre estudantes e profissionais da educação, geralmente “apaixona” outros grupos de trabalhadores para que também façam manifestações contra o governo e por mais direitos de toda a classe trabalhadora. Isso, segundo ela, faz que o presidente se sinta ameaçado.
“A escola pública está caindo aos pedaços. Eu trabalho em uma escola em que, quando chove, ela alaga inteira”, diz a educadora, que dá aulas de história, filosofia e sociologia para alunos do oitavo ano e do terceiro ano do ensino médio em uma escola de Santo André.
A professora também diz que, além de os profissionais precisarem dar aula em mais de um lugar para conseguir sobreviver, eles também sofrem com a falta de material didático e de estrutura básica para dar aulas. Segundo ela, muitas vezes, ela precisa comprar do próprio bolso materiais como giz e livros didáticos para dar aulas no oitavo ano.
Segundo ela, tudo isso faz com que exista um cenário propício para que alunos e educadores sejam colocados uns contra os outros. Porém, ela afirma que tem uma relação muito boa e de muito diálogo com seus alunos. “Eu tenho um conhecimento porque fiz um curso universitário, mas eles têm conhecimento da própria vida deles. A educação tem que ser uma troca”, disse a educadora.
Esse diálogo ajudou Maíra quando ela soube que dois alunos queriam começar a filmar suas aulas. Ela conversou dentro de sala sobre a questão e os estudantes que queriam fazer a gravação se explicaram e pediram desculpas. “As ideias têm que ser discutidas. Para a humanidade avançar, a gente tem que conversar”, afirmou a professora.

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