quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Não basta simplesmente injetar dinheiro na educação brasileira !


O discurso da qualidade da educação no Brasil sempre bate na mesma tecla, ou seja, alega-se a falta de investimentos. O cotidiano escolar é repleto de denuncias e histórias da falta de recursos e do descaso do poder público.

O resultado de pesquisa internacional como o PISA (Program for International Student Assessment) que avalia o raciocínio lógico em matemática e ciências dos alunos apontam para um desastre educacional nas próximas décadas, pois entre os 76 países participantes 

Entretanto, pesquisa aponta que o “Brasil investe mais em educação do que países ricos, mas o  gasto por aluno é pequeno”.

Evolução do gasto por aluno  publicado pela revista Nova escola ***

Ilustração: Mariana Coan

***http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/planejamento-e-financiamento/preciso-investir-mais-para-melhorar-educacao-investimento-ranking-desenvolvimento-pib-brasil-539215.shtml
Obs :Em dólares PPP (poder de paridade de compra), fator de conversão que leva em conta o poder de compra da moeda em cada país e não apenas a taxa de câmbio entre as diferentes moedas. Fonte : Education at a Glance (edições de 2001 a 2009). Ilustração: Mariana Coan

A matéria publicada pelo Correio da Bahia, cita estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que menciona o Brasil como um dos países que gasta mais do Produto Interno Bruto (PIB) com educação do que os países mais ricos, e apesar disto tem resultados medíocres no ranking educacional mundial.

Apesar das mazelas já conhecidas de nosso sistema educacional, o Brasil investe 5,7% do PIB em educação, sendo que países mais desenvolvidos não passam de 5% do PIB nacional, diante deste quadro podemos concluir que é necessário romper com a ideia de que é preciso injetar mais dinheiro na educação que esta tudo resolvido. 

É obvio que não!Não basta simplesmente injetar dinheiro na educação, pois somente isso não garante a qualidade de nossa educação. 

Segundo os especialistas entrevistados pelo CORREIO DA BAHIA, “apesar do alto investimento quando considerados todos os gastos públicos do país, o Brasil não consegue distribuir o dinheiro de forma eficiente para garantir uma boa educação aos brasileiros, nem para tornar a economia mais eficiente.”

Essa distribuição ineficiente fica mais nítida nos gastos por aluno segundo a pesquisa da OCDE, o aluno brasileiro tem investimento US$ 2.985, isso equivale a um terço da média dos 34 países integrantes da OCDE, que é de US$ 8.952.

 Vejamos em alguns países mais ricos o investimento por aluno:
·         Noruega (US$ 14.099),
·         Suíça (US$ 13.799),
·         Dinamarca (US$ 12.903),·         Estados Unidos (US$ 11.760)

É importante lembrar que embora cerca de 94% das crianças em idade escolar estão na escola, ainda existem altos índices de evasão ao longo do ensino fundamental e médio, chegando a atingir números significativos 50% e 70%%.

Não se pode negar que o desafio de inserir milhões de jovens na Educação Superior foi alcançado nas últimas décadas, pois o número de alunos universitários passou de 1,5 milhão em 1990 para 6,5 milhões em 2010. 

O problema é que este avanço ainda é pequeno se considerar que somente cerca de 14% da população jovem, estão em cursos superiores e que 76% destes estão estudando em instituições privadas.

Uma situação ainda preocupante é a qualidade de ensino nos cursos superiores, pois às faculdades refletem a situação de despreparo dos jovens formados por um ensino médio de baixa qualidade e consequentemente um ensino fundamental precário.

Como entender escolas públicas sucateadas e professores com péssima renumeração com investimentos milionários do PIB nacional?

A meu ver teríamos que criar um sistema rígido de controle dos investimentos para evitar desvios, pois grande problema da educação brasileira em relação a essa rechonchuda fatia do PIB é que todo esse dinheiro termina se perdendo pelos ralos da “burocracia brasileira” e na roubalheira descarada de governantes que desviam recursos educacionais para áreas que rendem mais votos e também para seus bolsos.

É necessário romper com este exercito de “alfabéticos funcionais universitários” ou a globalização continuará a nos reservar os últimos lugares no ranking educacional mundial e também na economia, lembrando que o conhecimento é um instrumento de poder.

A escola que temos compromete as futuras gerações, pois não basta você dar acesso à escola é necessários criar um ambiente escolar desafiador, bem equipado, com cultura, arte, esporte, recursos tecnológicos, merenda de qualidade e  professores qualificados , motivados e principalmente com salários dignos.

Prof.ª Maria do Socorro










Brasil investe mais em educação do que países ricos, mas gasto por aluno é pequeno

Maior investimento em educação básica pode aumentar PIB em sete vezes, indica estudo

Wladmir Pinheiro (wladmir.lima@redebahia.com.br)



Se todos os países estivessem em uma sala de aula, não seria difícil identificar o Brasil. Como um retrato daquele aluno até esforçado, mas pouco produtivo, o país gasta mais do Produto Interno Bruto (PIB) com educação do que os países mais ricos, mas, ao contrário deles, não consegue atingir bons resultados, segundo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na liderança dos países que possuem melhor relação entre gastos públicos e bons resultados nos rankings de educação, estão os países asiáticos, como Coreia do Sul, China, Japão, Cingapura e Taiwan. Esses seriam os nerds, estariam sentados na frente da sala de aula e obteriam as notas mais altas.

O Brasil investe 5,7% do PIB em educação, acima da média de 5% dos países mais desenvolvidos  do mundo. Porém, segundo especialistas ouvidos pelo CORREIO, apesar do alto investimento quando considerados todos os gastos públicos do país, o Brasil não consegue distribuir o dinheiro de forma eficiente para garantir uma boa educação aos brasileiros, nem para tornar a economia mais eficiente.


Segundo relatório da OCDE, o PIB do país poderia crescer até 7 vezes o valor atual se garantisse educação básica para todas os adolescentes até 15 anos. Em 2030, PIB anual do Brasil seria 16,1% superior ao atual, que é de R$ 5,521 trilhões. No acumulado até 2095, o estudo apontou que haveria um crescimento de US$ 23 trilhões, o que representa um aumento de 751% em relação ao PIB 2014.
“Nosso modelo não é baseado em meritocracia. O montante total de investimentos no Brasil em educação não é ruim, é acima de 5% do PIB brasileiro, o problema está na qualidade e na distribuição”, avalia Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral.
Para projetar o salto na economia, a OCDE, que reúne as economias mais desenvolvidas do planeta, avaliou o desempenho dos estudantes brasileiros através dos testes do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o raciocínio lógico em matemática e ciências. O resultado foi catastrófico. O Brasil ficou em 60º lugar entre os 76 países pesquisados.
A relação entre o investimento do PIB em educação, a qualidade dos gastos e o resultado no crescimento do PIB pode ser medida através da competitividade de cada país. O mau desempenho em administrar os gastos públicos e na pouca eficiência da gestão de negócios e no desenvolvimento da inovação deixa o país na rabeira dos países mais competitivos.
“Quanto melhor a educação, maior será a produtividade, maior será o domínio da técnica, melhor será a performance na empresa, pois esse profissional poderá transformar problemas em soluções. Isso está atrelado ao conhecimento que ele tem, que ele construiu desde a educação básica, no ensino médio até sua formação”, defende o diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Luís Breda Mascarenhas.
modelo colonial
O modelo voltado mais para a priorização do ensino superior e menos para a educação básica garante as baixas notas nesses índices. “O nosso desafio é qualitativo e distributivo.  Uma boa parte dos recursos é investido no ensino superior, o que produz um modelo histórico colonial,  onde uma minoria tem acesso a educação de qualidade e a minoria da educação básica recebe poucos recursos”, afirma Arruda.


Leia toda  a pesquisa publicada no CORREIO DA BAHIA neste Link ou Clicando  abaixo em mais informações 



Quando considerados todos os gastos públicos do Brasil, a educação recebe 19% dos investimentos do país, segundo relatório com dados analisados de 2011, enquanto a média dos países da OCDE é de 13%. Porém, o gasto por aluno foi de US$ 2.985, o equivalente a um terço da média dos 34 países integrantes da OCDE, que é de US$ 8.952. O valor está bem atrás do custo por aluno na Noruega (US$ 14.099), Suíça (US$ 13.799), Dinamarca (US$ 12.903), Estados Unidos (US$ 11.760) e Coreia do Sul (US$ 8.686).
Segundo o gerente de competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, o Brasil se esforça para garantir uma distribuição mais equilibrada dos investimentos em educação e garantir uma atenção maior para o ensino básico. “O ensino superior é mais caro. A razão era de 10 pra 1 entre gastos no ensino superior e básico por aluno. Isso caiu para mais ou menos em torno de quatro. Ainda é muito alto, ainda se gasta muito mais no ensino superior. Em países da Europa, por exemplo, a proporção é em torno de dois”, diz .
A diferença de investimento na educação reflete no tempo dedicado aos estudos e, segundo o diretor do Senai, na qualidade do profissional e na competitividade do país. “O trabalhador americano tem, em média, 13 anos de estudo, na Alemanha, em torno de 12 anos, já no Brasil, apenas 7. Nossa produtividade é um quinto da de um americano”, explica Breda, que exemplifica.
“Imagine competir dois profissionais numa empresa. Aquele que teve educação melhor vai ser mais beneficiado, vai ter maior domínio de técnica, maior capacidade de planejamento. As empresas terão de pagar mais por ele, é um profissional mais qualificado, mas o poder de interferência no processo é maior”.
China e Coreia melhoram com modelos bem diferentes
Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, destaca o modelo adotado pelo China, onde todas as escolas são particulares. Segundo ele, o ensino chinês tem garantido bons resultados: o país deu um salto na educação e atingiu Produto Interno Bruto (PIB) no valor de US$ 9,24 trilhões.
“Na China, há um compartilhamento de deveres, em que a educação básica não é apenas do estado, mas também das famílias. A meritocracia é menos agressiva. Todos pagam e a escola não é pública. Todas as escolas são controladas e os melhores alunos têm vagas nas melhores escolas”, explica Carlos Arruda.
O modelo, segundo ele, é menos estressante do que o da Coreia do Sul, que modificou as notas nos rankings de educação. “O resultado é inquestionável, mas é resultado de um estresse excessivo. O pré-escolar é quase um vestibular”, afirma Arruda.
Investimento em ensino técnico é uma das saídas
O investimento em um ensino técnico mais forte é uma das apostas para a formação de mão de obra mais qualificada e no desenvolvimento da economia brasileira, segundo diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Luís Breda Mascarenhas. Países como França e Alemanha investem em profissionais técnicos e têm crescimento econômico sólido.
“No Brasil, ainda existe essa ideia de que o nível técnico é um conhecimento de segundo nível. Os alunos são preparados para o vestibular, mas 80% dos estudantes não vão para as universidades. Nesse tempo todo de estudo, não houve nenhuma preparação para a vida profissional”, explica Breda. Segundo ele, é preciso entender a pirâmide de demanda de mão de obra. “Existe um gradação de demanda por níveis de formação profissional”, explica Breda sobre a importância de profissionais de nível técnico.



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