O
ano de 2016 foi muito difícil para todos e este, mal chegou ao fim e mais uma vez os
profissionais da educação de São Paulo foram surpreendidos com péssimas noticias para a educação e para o ano letivo de 2017.
Logo
que começou o “merecido” recesso dos professores da rede de ensino de São
Paulo, a Secretaria de Estadual de Educação resolveu anunciar algumas resoluções (SE 69/16 73/16 e 74/16), que causaram grande
tribulação entre os docentes que além de exaustos vão entrar em férias com a
cabeça literalmente “ fervendo”.
As
alterações em alguns pontos na
atribuição de aula de 2017, deixam claro que o governo continua fazendo a
reorganização do ensino proposta em 2015 por” baixo dos panos” .
As
alterações destas resoluções e das últimas atitudes do governo caracterizam um claro “enxugamento da maquina” que pode trazer muitas complicações causando
uma avalanche de problemas, dentre estes o comprometimento ainda maior da qualidade de ensino nas escolas
da rede estadual.
A
“reorganização “prossegue disfarçada e
continua baseada no “enxugamento da maquina” nos últimos anos, como se não
bastasse o corte na coordenação pedagógica em 2015,as novas resoluções cortam
os vices diretores das escolas com menos de 17 salas ativas, proíbem a
recondução dos professores mediadores nas escolas da família gerando muitas duvidas sobre a continuidade do projeto,
manipulam ações que podem acabar com as
salas de leitura nos próximos anos e provavelmente pode extinguir totalmente a categoria “O”.
A
cada ano letivo é nítido que o problema da sala de leitura é complexo , estando fadada ao fracasso ,pois na realidade
não existe um compromisso serio da Secretaria da educação em manter um
profissional no projeto ,as resoluções na prática limitam o horário de atendimento, pois o professor de categoria” F “so pode atuar nesta apenas nas horas de permanência ou impõe
a sala de leitura ao professor
readaptado sem restrições de atuação com alunos, desconsiderando em ambos os
casos a necessidade de perfil para atuar
nesta área ,isso sem considerar também
que é notório que os readaptados possuem sérios problemas de saúde e que em casos de sobrecarga de responsabilidades
necessitam de constantes afastamentos o que impede a continuidade do projeto no ano letivo.
Na
última década as escolas estão
enfrentando sérios problemas para encontrar professoras substitutas ,o que já é
raridade em muitas regiões , a falta de professores de algumas disciplinas já
é uma situação gravíssima e a nova
resolução determina que o professor da categoria
“O”, não terá o pagamento garantido da licença total que tiver ocupando, se o
mesmo por motivos de doença tirar uma licença e esta for um período superior ao prazo que
restar para acabar a licença do professor
que está substituindo.
Na
politica de “enxugamento da maquina” da SEE
ninguém escapa ,os professores efetivos também serão contemplados por mudanças
que complicam suas vidas, a resolução que trata do assunto muda a lei da jornada inicial, a partir desta, os efetivos só
poderão ter atribuídas aulas livres, isso
vai forçar os professores a trabalhar em duas ou até mais de duas escolas.
Os
professores da escola de tempo integral e os coordenadores passam a ter a
atribuição em período diferenciado, não sendo mais no inicio do ano letivo, como a seleção
envolve alguns critérios que possibilitam o retorno de alguns para a sala de
aula de sua escola de origem ,vai ocorrer um efeito cascata ,prejudicando a
carga suplementar do efetivo que pegou as aulas deste e dos professores das
categorias” F “e “O” que também perdem as aulas atribuídas.
É
do conhecimento de todos brasileiros que os governos estaduais necessitam se
reorganizar para equilibrar as finanças mas o “enxugamento da máquina”com o
único objetivo de cortar gastos precisa
ser revisto, pois da forma que esta ocorrendo esta prejudicando não apenas os profissionais da
educação mas também os alunos, isso porque muitas escolas continuam denunciando
o fechamento de turnos e salas de aula
por todo estado e superlotando classes para reduzir os “custos” e
comprometendo cada vez mais a qualidade do ensino da escola publica.
Apesar dos problemas enfrentados pelo país , estamos no
estado mais rico e desenvolvido da nação e a situação da educação pública e dos profissionais da educação é no mínimo
injustificada , inadmissível e uma vergonha !
O Estado de São Paulo ainda é a “locomotiva” que move a nação
e mas infelizmente ainda tem uma educação de “carroça” se comparada as
grandiosidade de muitos setores
tecnológicos e econômicos
presentes no estado. É inegável a importância da educação para garantir
o progresso, e o crescimento de todos setores da sociedade e o principal obstáculo para um salto na qualidade de ensino deste estado e uma
politica educacional equivocada que não investe em uma mão de obra qualificada,
desvaloriza o profissional da educação e cada vez mais desmotiva os alunos a
escolher tal carreira.
A educação publica de São Paulo urge por mudanças profundas ,
a escola publica “sangra” ferida pelo descaso
com seus profissionais , um “enxugamento da máquina” da forma que está
ocorrendo só faz “sangrar” ainda mais as
feridas abertas aos longo de décadas de politicas educacionais ambíguas e nas
duas últimas décadas a situação agravou-se ainda mais ,pois as politicas
educacionais estão sendo definidas com base nos instrumentos de avaliação que
apresentam resultados contraditórios ,de eficiência duvidosa que só servem para sustentar uma politica da meritocracia
injusta tanto para as escolas como para alunos e professores, impedindo ações efetivas que
possibilitem a melhoria das condições de trabalho dos professores e contribua
de fato para a qualidade de ensino.
É notório que a falta de uma educação de qualidade é a principal causa do atraso estrutural do
nosso pais e que se tivéssemos levado a educação e a valorização do profissional da educação a
sério poderíamos ser, mas não somos e estamos longe de ser , uma das nações
mais desenvolvidas do mundo.
Professora M Socorro
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