terça-feira, 13 de julho de 2010

O "DIA SEGUINTE "APÓS DIVULGAÇÃO DO IDEB...PIPOCAM SOLUÇÕES MILAGROSAS E PROMESSAS POR TODOS OS LADOS...

A mídia noticiou com grande alarde que o principal indicador de qualidade do ensino brasileiro com base nas provas aplicadas em 2009, o Ideb piorou em 1.146 cidades, 20% do total, no período final do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano).

Ao todo, 23% das cidades ficaram abaixo da média prevista no país.

Após ver a repercussão do caso "uma educação reprovada no país" , comprovada pelos índices do IDEB,lembrei do filme o dia seguinte... sua "chamada " para assisti-lo não aumentou em nada seu conteúdo,pelo contrário era exatamente do que se tratava o enredo,diferente de muitas chamadas maravilhosas para filmes medíocres ...vamos a chamada do filme:
"Um filme perturbador sobre os efeitos de um holocausto nuclear e suas consequências."
Para quem não assitiu ...foi um filme que retratou a década de 80 e se passa em uma cidade pequena chamada Lawrence, próxima a Kansas City,o personagem principal é  Russell Oakes (Jason Robards) que é um médico muito ocupado pois é  chefe de cirurgia do hospital local  e que leciona na faculdade.Seu  filho é jogador de futebol na faculdade. A história também conta sobre o cotidiano do interior como  a família Dahlberg que está envolvida com os preparativos para o casamento da filha mais velha, de um soldado tentando chegar até sua esposa e um estudante quer voltar para casa.O sossego do lugar é o contraponto da agitação na Europa e paralelamente a vida pacata de  Lawrence o exército russo invade Berlim Oriental, o que aumenta a  uma crise entre a União Soviética e os Estados Unidos. Logo ambos os lados iniciam uma competição de poder bélico e enviam seus mísseis nucleares, na intenção de vencer a guerra que se inicia e  Kansas City, nos Estados Unidos apassa a ser  um dos alvos que devem ser destruidos pelo inimigo ,pois é onde estão armazenados dezenas de mísseis nucleares Americanos.É um filme muito bom e embora o  nome  deste seja "O Dia Seguinte", na realidade  trata dos meses que se seguem  e todas suas consequências iniciado apenas por um problema político eque gera em um curto espaço de tempo a  instituição do caos . O retrato dos dias que se seguem é muito real como a falta de informação inicial, os problemas de comunicação, a impotência dos hospitais em tratar dos feridos e tanto outros problemas que se chocam  com a realidade...bem mas nosso assunto não é o filme...Nosso assunto é ...o que poderemos esperar como efeito do dia seguinte,ou seja,o futuro do nosso país e dos nossos filhos após o anúncio oficial  do "caos impregnado" na educação brasileira  através dos índices do IDEB ???
...bem...este caos já era anunciado já faz muito tempo pelos profissionais da educação...E e como diz uma frase bem popular...e agora José???ou seria...e agora Luis???...bom...nas últimas décadas já passamos por  Luis...passamos pelo José ....pelo Itamar...por dois Fernandos e pouco avançamos, ainda tem muito o que fazer na Educação...e como no filme pode causar sérios problemas nos dias seguintes...educação é um problema político...as escolas mas parecem hospitais após catastrofes...professores desmotivados,stressados,doentes e cansados não sabem o que fazer com os  alunos que precisam de atendimento socio educativo... médico especializado...técnico ...individualizado... e que são  vítimas mais atingidas pelo caos da educação...Enquanto isso nos gabinetes os politicos inventam moda ...importam projetos...tratam a educação com investimentos conta gotas que só servem para fazer marketing eleitoral ...fazem leis e mais leis que nunca sairam do papel e cada vez mais burocracia... Chega de remédios paliativos que não resolvem a situação...só empurram o problema para frente...queremos a cura para as mazelas do ensino brasileiro..."a pátria sangra nas escolas"...e como será nosso "dia seguinte" neste mundo cada vez mais globalizado????
Neste momento cabe publicar aqui  novamente o artigo do filósofo, educador e escritor Mario Sérgio Cortella publicado já faz quase uma década na Revista Educação de 2002. edição 258...esse artigo diz tudo aquilo que eu e você também  gostaria de dizer e um pouquinho mais...valeu Mario...Só precisa atualizar seus dados com o o IDEB...86º lugar na educação mundial em 2010...
A Pátria sangra
Mario Sergio Cortella
Urge estancar a hemorragia cidadã


O Brasil é o quinto país do mundo em tamanho, mas o primeiro em terras aproveitáveis; tem 8,5 milhões de km2, apenas 172 milhões de habitantes, 8 mil quilômetros de costa marítima, as duas maiores reservas de biodiversidade do planeta Terra (Amazônia e a mata atlântica), as maiores bacias hidrográficas para a geração de água, transporte e vida, e as maiores reservas de minério ainda não exploradas do planeta.
É um país que não tem terremoto forte, não tem vulcão, não tem maremoto, nem geleira, ciclone, furacão, tufão, deserto, nevasca.
Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil?
Desde a Independência formal - e lá se vão 180 anos - podemos considerar que foi atingida a veracidade desse verso de Evaristo da Veiga?
Chegou, finalmente, a hora do maternal e sincero sorriso pátrio em uma nação que, por enquanto, é uma das dez economicamente mais ricas deste planeta?
Sorri ou sangra a Pátria quando da divulgação anual do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elaborado pela ONU e que, agora, entre 173 países, obtivemos o lugar 73 no que se refere à qualidade de vida básica de seus moradores?
Sorri ou sangra a Pátria quando percebe que a causa para esse descalabro está apontada no mais recente relatório de concentração da renda (Índice de Gini) emitido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no qual o Brasil só não é derrotado nessa macabra competição pelos economicamente miseráveis países africanos de Serra Leoa, República Centro-Africana e Suazilândia?
Alegra-se ou chora a gentil mãe quando vê que, considerados apenas os alfabetizados com mais de 15 anos de idade (85,2%), atingimos o degradante patamar de 96º lugar no estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud)?
E se ela fica sabendo que quanto à expectativa de vida ficamos no posto 103º, devido, entre outras coisas, às altas taxas de homicídios entre jovens e a uma mortalidade infantil apavorante comparada com países com, por exemplo, a metade da nossa renda per capita (como as Filipinas)?
Alegra-se ou chora a gentil mãe quando toma conhecimento do retrato mostrado no mais recente Censo (2000), no qual fica às claras que um terço dos domicílios tem na chefia um analfabeto funcional e que mais de 8 milhões de famílias são dirigidas por alguém que nunca foi à escola ou alfabetizou-se?
Brava gente brasileira.
Segue vitimada por inéditos níveis de desemprego; permanece refém de um excludente e oneroso sistema público e privado de saúde; amarga a indigência e a disparidade na previdência social. E resiste.
Prossegue em agressiva ausência de condições gerais de habitação e saneamento; continua aguardando a consecução efetiva de uma reforma agrária e urbana abrangente e consistente; padece a truculência da fome e da deficiência alimentar. E resiste.
Brava gente brasileira. Paulo Freire dizia que "não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã".
Cidadania ferida, a Pátria ainda sangra. Mas não para sempre.

Revista Educação de 2002. edição 258  Editora Segmento

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