quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"COMPRA DE ALUNOS" É DENUNCIADA PELA MÍDIA JORNALÍSTICA...O PROGRAMA VALE PRESENTE NÃO VINGOU ...


Parece que a midia colocou a "boca no trombone" e a proposta de pagamento de vales presentes para alunos não vingou...isso já é um grande  avanço...
18/08/2010
Governo adia ‘vale-presente’ para 2011
Medida seria implementada para incentivar alunos do ensino médio da rede estadual que têm dificuldades em matemática
Bruna Dias
Aprender matemática para muitos alunos é uma tarefa árdua. Um incentivo seria a solução para esse problema? Com o intuito de apoiar as escolas estaduais de ensino fundamental na recuperação de alunos que têm dificuldade em matemática, a Secretaria Estadual de Educação criou o Programa Multiplicando o Saber. Entretanto, a iniciativa que previa que alunos do 6º e 7º anos do ensino fundamental, intitulados “pupilos”, recebessem um “vale-presente” de R$ 50,00 para fazer reforço da disciplina duas vezes por semana em um período de 3 meses foi por “água abaixo”.





Uma polêmica criada em torno do assunto fez com que o secretário da Educação, Paulo Renato Souza, adiasse a implementação do projeto para o início de 2011. A justificativa, informada em nota pela assessoria de imprensa do órgão, é que o projeto ainda necessita ser esclarecido e discutido junto à comunidade acadêmica e população. 



Outro ponto que gerou conflitos foi que os pupilos seriam orientados por outros alunos do 2º e 3º anos do ensino médio intitulados “tutores”, que teriam ainda a supervisão de um professor coordenador nos 90 minutos de aulas de reforço escolar.
Em Bauru, 11 escolas participariam do programa, mas ainda não há uma estimativa de quantos alunos se inscreveram para a iniciativa, já que o prazo para as adesões dos interessados pelas vagas se encerrou na última sexta-feira. A Secretaria Estadual de Educação afirmou em nota que a estimativa do programa era de atingir a meta de 35 pupilos inscritos por escola do ensino fundamental e 15 tutores por escola do ensino médio.
Os tutores receberiam uma “bolsa” mensal no valor de R$ 115,00 para executar as tarefas de pseudo-professores entre os dias 1 de setembro e 23 de novembro deste ano. Para orientá-los, a presença de um professor coordenador seria indispensável. Ele também receberia um “vale-presente” no valor de R$ 50,00 de acordo com o número de alunos inscritos em sua escola, além de outro “vale-presente” de até R$ 150,00 conforme a assiduidade dos pupilos. Um professor de matemática também poderá ser consultado em caso de dúvidas.

Os alunos contemplados como tutores serão os que atingiram boa média na prova anual do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e também os que tiverem boas notas no boletim escolar. A divulgação dos resultados será no dia 19 de agosto.

A matemática



A professora doutora em matemática e especialista em educação Mara Sueli Simões Moraes, que é professora há 32 anos e docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, acha válida a iniciativa do governo. “Todo incentivo é bem vindo no sentido em que realmente a matemática apresenta índices de dificuldades de aprendizado no País todo. O déficit de aprendizado na matemática ainda é muito grande no Estado, principalmente nessa faixa etária”.



Mas ela frisa que a solução não deve partir dessa iniciativa e que o governo precisa ter políticas mais efetivas, como um número menor de alunos em sala de aula e a formação continuada desses professores. “O governo do Estado já está atento a essa formação continuada. Mas reduzir o número de alunos em sala de aula é muito importante”, acrescentou.

Mara compara a situação do Programa Multiplicando Saber com as tradicionais monitorias realizadas em faculdades. “Esse programa se parece muito com uma monitoria e elas realmente surtem efeito na universidade. Eu acredito que no programa vai ser da mesma forma e que os alunos vão ter um diálogo melhor uns com os outros, facilitando o aprendizado. Com a orientação de um professor, assim como os monitores, eles têm condições sim de ensinar os mais novos.”

A figura de pseudo-professor dos tutores pode ser um incentivo na visão da professora doutora. “Esses alunos que vão ensinar os mais novos já gostam de matemática, então, eu penso que eles vivenciando a função de professores nesse período podem até descobrir que gostam do trabalho e se tornarem futuros professores”, opinou.

Mas ela conclui o pensamento dizendo que a figura do professor nunca deve ser substituída. “É claro que a iniciativa é válida, o diálogo entre alunos é melhor, mais descontraído, mas isso nunca deve substituir a figura do professor em sala de aula. A carreira profissional do professor é muito importante e valorizá-lo em termos financeiros também é fundamental para a sua motivação profissional”.


Destino do dinheiro público



Para a professora e diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Suzi da Silva, a iniciativa não é válida. “Esse é mais um projeto absurdo do governo do Estado. Imagine só, alunos dando aula para alunos. Para o aluno que iria receber o dinheiro seria uma vantagem. Mas a maioria dos alunos não receberia, então acaba virando uma desmotivação”.


Suzi define melhor o seu pensamento afirmando que esse tipo de atitude gera discriminação. “Na verdade isso gera uma discriminação. O próprio aluno tendo aula com outro aluno. E existe também a questão do respeito. Os alunos hoje não respeitam nem os professores, que dirá os próprios alunos”, critica.
De acordo com a professora, que possui 20 anos de experiência, o programa não surte efeito no aprendizado e é mais um desperdício de dinheiro público. “Essas aulas deveriam ser dadas por professores que estudam anos para isso. Eu acho que deve ter um reforço sim, mas que seja dado por professores”.
Suzi ainda explicou que o governo sofre constantemente com a falta de professores, principalmente nas disciplinas de exatas como física, química e matemática. “Mas eles não encontram professores pela desvalorização da profissão. A carreira do magistério não atrai porque os professores são mal remunerados e porque as salas de aula são superlotadas. Outros agravantes desse problema são a indisciplina e a violência constante dentro das escolas”.
O avanço do aluno para a série seguinte, mesmo que ele não tenha aprendido todo conteúdo, é outro fator alarmante no ponto de vista de Suzi da Silva. “O fato de aprovar um aluno que não teve todo o aprendizado é grave. Então isso também deixa os professores desmotivados, porque sabem que os alunos não estão interessados em aprender”, ressaltou.
A visão da professora ainda vai além. Para ela essa distribuição desenfreada de dinheiro faz parte de estratégia política. “É fácil para os políticos desperdiçarem esse dinheiro com os alunos que estão em idade de votar e em pleno período de campanha eleitoral”.
Fonte:http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=189630


Governo suspende vale-presente para alunos de SP

16 de agosto de 2010 | 9h 23


JULIA BAPTISTA - Agência Estado
A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo informou que decidiu adiar a implantação do projeto que previa pagamento de vale-presente a alunos da rede pública de ensino que fizessem e dessem aulas reforço de matemática. A entrega do benefício foi adiada "temporariamente", pois, segundo a assessoria de imprensa da pasta, o projeto "gerou certa polêmica". A equipe da secretaria está "revendo conceitos". Ainda não há data prevista para o pagamento do vale-presente.
Na sexta-feira, a secretaria informou que o governo de São Paulo pagaria vale-presente de R$ 50 a estudantes que frequentassem aulas de reforço de matemática. O programa previa que alunos dos 2º e 3º anos do Ensino Médio com bom desempenho na matéria recebessem bolsa-auxílio para ser tutores de alunos dos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. Aos tutores seria oferecida uma bolsa mensal de R$ 115 pelos três meses de duração do programa.
A iniciativa foi fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), professores da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O investimento total no programa será de US$ 663 mil, sendo US$ 130 mil da secretaria, US$ 200 mil do BID e US$ 333 mil de parceiros. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário