segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Analfabetismo: dez anos depois, não saímos do lugar

Pesquisa revela que estamos estacionados no mesmo patamar desde 2002: 

apenas um em cada quatro brasileiros está plenamente alfabetizado

Elisângela Fernand



Nos últimos tempos, o acesso à Educação cresceu, mas, a despeito dessa boa notícia, a qualidade do ensino não melhorou. Há uma década, a porcentagem de cidadãos considerados plenamente alfabetizados permanece inalterada: 26%, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), realizado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, em São Paulo. O levantamento avalia, por meio de uma prova, as habilidades de leitura, escrita e Matemática da população entre 15 e 64 anos. A classificação prevê quatro níveis: analfabetismo, alfabetismo rudimentar, básico e pleno. Os resultados divulgados em 2012 também revelam boas (embora discretas) notícias, como a queda de 39% para 27% do número de analfabetos funcionais - categoria que reúne os níveis analfabeto e alfabetismo rudimentar (leia o quadro abaixo)


Ao analisar a fundo esses dois cenários - a estagnação de uma categoria e o decréscimo de outra -, é possível afirmar que estamos fazendo a lição de casa pela metade. "Com a ampliação do acesso à escola, damos às pessoas a possibilidade de sair da condição de analfabetismo e chegar ao nível básico, mas não garantimos os meios para que elas atinjam o patamar pleno de alfabetização. Só a qualidade do ensino pode impulsionar esse salto", diz Ana Lúcia Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro.




Uma década sem alfabetizar de verdade


A previsão para o futuro não é animadora. Os resultados do Inaf indicam que, se continuarmos com as atuais políticas públicas de Educação, não vamos avançar: não poderemos contar com o boom nas matrículas de anos atrás, que ajudou a mudar os dados. 


Para erradicar o analfabetismo absoluto nos próximos dez anos, reduzir pela metade o número de analfabetos funcionais (como prevê o Plano Nacional de Educação - PNE, ainda em tramitação no Congresso Nacional) e garantir que mais gente alcance o nível pleno, é preciso melhorar a qualidade do ensino regular e dar atenção à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa modalidade é a chance para quem não pode estudar e segue puxando o Inaf para baixo.

O número de analfabetos funcionais caiu e o de alfabetizados básicos subiu, mas a porcentagem de pessoas plenamente alfabetizadas não mudou
Uma década sem alfabetizar de verdade. Ilustração: Alice Vasconcellos




13 p.p. é o aumento no porcentual de pessoas que pertencem ao nível de alfabetismo básico 




12 p.p. é a queda no porcentual dos analfabetos funcionais (analfabetismo e alfabetismo rudimentar) 

p.p. : pontos porcentuais 

Entenda os níveis utilizados pelo Inaf




ícone analfabetismo. Ilustração: Alice Vasconcellos
Analfabetismo

Inclui quem não realiza tarefas simples, como a leitura de palavras e frases, ainda que leia números familiares, como os de telefone e preços

ícone analfabetismo. Ilustração: Alice Vasconcellos
Alfabetismo Rudimentar 

Diz respeito a quem localiza informações explícitas em textos curtos, lê e escreve números e sabe usar o dinheiro para pequenos pagamentos

ícone alfabetismo básico. Ilustração: Alice Vasconcellos
Alfabetismo Básico

Reúne os que leem e compreendem textos de média extensão e números na casa dos milhões e resolvem problemas com operações simples

ícone alfabetismo pleno. Ilustração: Alice Vasconcellos

Alfabetismo Pleno
Agrupa quem interpreta textos, compara e avalia informações, distingue fato de opinião e resolve problemas com porcentuais e cálculos de área 

Fonte Instituto Paulo Montenegro
http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/analfabetismo-dez-anos-depois-nao-saimos-lugar-697865.shtml?utm_source=redesabril_fvc&utm_medium=faceb

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