domingo, 17 de março de 2013

PROFESSORES: UMA CATEGORIA PROFISSIONAL CADA VEZ MAIS DOENTE






15/03/2013 / 
PROFESSORES TIRAM 15 DIAS DE LICENÇA E FALTAM 15 POR ANO

Nesta sexta-feira (15/3), a edição do jornal Agora São Paulo trouxe em destaque do dia a matéria "Professores tiram 15 dias de licença e faltam 15 por ano". 
Segundo a reportagem foram registradas 903 mil ausências apenas por licenças médicas na rede municipal de 2012. 

Confira os fatores que levaram a este índice. 

"Os professores da rede municipal de ensino de São Paulo tiraram, em média, 15 dias de licença médica no ano passado e faltaram ao trabalho em outros 15 dias, segundo dados da Secretaria Municipal da Educação.

A prefeitura tem 64 mil professores. Os dados se referem aos profissionais das Emeis (Escolas Municipais de Ensino Infantil) e das Emefs (Escolas Municipais de Ensino Fundamental) da capital.

Segundo a pasta, em 2012, foram registradas 903 mil ausências por licenças médicas, o que dá a média de 15 dias por ano por professor.

Há ainda as chamadas faltas abonadas e faltas justificadas - a prefeitura não tem o número total de faltas, apenas a média, que também é de 15 dias por professor no ano passado.

Por lei, os profissionais têm direito, por ano, a dez faltas abonadas, quando justifica a ausência e não tem desconto no salário, e mais seis justificadas, em que apresentam o motivo, mas têm desconto nos vencimentos mensais.

O Sinpeem (Sindicato dos Profissionais de Educação do Ensino Municipal de São Paulo) diz que a falta de estrutura da rede contribui para os problemas de saúde dos docentes.

Problemas de saúde. O secretário da Educação, Cesar Callegari, admite que fatores relacionados ao trabalho podem estar afetando a saúde dos professores. 
"As faltas são algo preocupante. Isso envolve questões de saúde, condições de vida e de trabalho", afirma.

Callegari diz que vai estudar os motivos de tantas faltas. "Há o problema de deslocamento dos professores na região metropolitana, que é altamente estressante. Estamos organizando uma reunião com os 39 secretários de educação para ter um diagnóstico conjunto." 

O salário base dos professores com jornada de 40 horas semanais é de R$ 2.600. Aqueles que trabalham 30 horas por semana ganham, no início da carreira, R$ 1.950, afirma a secretaria.

Ausência atrapalha, dizem estudantes. As faltas dos professores da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Celso Leite Ribeiro Filho, na Bela Vista (região central), já são conhecidas pelos alunos. "Hoje [ontem], faltou um professor e ontem [anteontem], faltaram dois", contou uma aluna de 11 anos do 7o ano do ensino fundamental.

Outra aluna da mesma série disse não saber porque os professores faltaram. "Eles não dão satisfação", afirma.

Na unidade, quatro professores estão afastados por licença médica, segundo um aluno de 13 anos do 8o ano. "Tem professor substituto, mas isso atrapalha, porque a gente fica atrasado."

Mãe de uma aluna de nove anos, a recepcionista Bianca Urzua, 26 anos, disse que as faltas "atrapalham a rotina dos alunos".

A Secretaria Municipal da Educação disse que há quadro de "quatro professores em cada escola para cobrir possíveis ausências".

Sindicato culpa falta de estrutura na escolas.
Salas superlotadas, falta de profissionais de apoio e falhas na infraestrutura nas escolas de Educação do Ensino Municipal de São Paulo), Claudio Fonseca, para os problemas de saúde apresentados pelos professores da rede municipal.

Segundo Fonseca, a inclusão de alunos com deficiências sem a contratação de profissionais especializados agravou a situação. "A falta de pessoas de apoio para cuidar dessas crianças fez com que o trabalho dos professores dobrasse. A inclusão precisa ser feita com condições", afirma. Fonseca diz que os dados da secretaria podem ser usados para reverter esse quadro. "Não basta divulgar números, tem de agir. Escola boa é aquela que tem professor saudável." 

Aprendizado é prejudicado diz especialista. Professora da faculdade de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Maria Angela Carneiro diz que as faltas dos professores prejudicam o aprendizado dos alunos.

"Se o estudante está acostumado com um ritmo, quando muda o profissional, muda o diálogo, o conteúdo e as relações. Se algo impede esse processo, não existe aprendizagem", afirma.

Maria Angela diz ainda que os problemas de saúde dos professores é um problema antigo. "Há mais de 20 anos que existem pesquisas na área médica que mostram que os professores são os que mais têm problemas de saúde, inclusive mental." 

Matemática tem piora. O desempenho em matemática dos alunos que se formam nas escolas municipais de SP sofreu, no ano passado, a terceira piora seguida na avaliação da própria rede. A média dos alunos em matemática do nono ano recuou nove pontos desde 2009, chegando a 228 numa escala até 500.

Com isso, o estudante dessa série tem conhecimento equivalente ao que se espera para uma da quinta série.

Já em português, a tendência nos dois últimos anos na rede é de melhoria.

Os números 
64 mil é o número de professores da rede municipal de ensino 
15 foi o número médio de dias de licença vem 2012 
15 foi o número de dias de falta, abonadas e justificadas em 2012
R$ 2.600 é o salário-base para 40 horas/aula semanais 
R$ 1.950 é o salário-base para 30 horas/aula semanais 
10 dias é o tempo de férias que os professores têm em julho
30 dias é o período de féria em janeiro 

O que diz a lei
. Cada professor pode ter até dez faltas abonadas durante o ano 
. O abono das faltas é dado pela diretoria da escoa, após o professor fazer um requerimento 
. A diretoria pode rejeitar o pedido de abono
. O professor tem direito a seis faltas justificadas, mas elas são descontadas dos seus salários 

SECOM/CPP

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