sexta-feira, 15 de março de 2019

A Escola Brasileira sangra novamente na cidade de Suzano após 8 anos do massacre do Realengo


Como se não bastassem as mazelas da escola  publica brasileira, tragédias como a que ocorreu nesta semana traumatizam profissionais de educação e  deixam abaladas inúmeras familias.
Após 8 anos do massacre do Realengo, familiares sofre com a perda de crianças e adolescentes e a história se repete em uma outra escola.
Seria o  bullying o motivo de tanta violencia e dor ??? O que zizer das familias desestruturadas e seu papel na educação dos filhos e na sociedade atual???
Precisamos repensar estratégias contra o "bullying" e toda forma de preconceito. Precisamos combater todo tipo de violência e  fortalecer a "cultura da Paz" em nossas escolas.A vida   não pode ser banalizada  e a dor do outro ignorada. Precisamos resgatar as familias e os valores perdidos em meio ao caos desta sociedade que cada vez mais valoriza o "ter" em detrimento do "ser" e transforma seres solitários em meio a multidões .

A dor de perder um ente querido é singular,a vida fica estilhaçada e a superação da dor da perda é necessária para a propria sobrevivência, mas também é um lomgo caminho a ser trilhado. Por uma escola que valorize  o respeito ao próximo e uma  educação para  paz !


07/04/2016 06h00 - Atualizado em 07/04/2016 17h39

Após 5 anos, irmãs de vítimas do massacre em Realengo ainda sofrem

Mortes na Escola Municipal Tasso da Silveira ainda deixam jovens abaladas.
Assassinato de 12 adolescentes aconteceu na manhã de 7 de abril de 2011

Cristina BoeckelDo G1 Rio


Da esquerda para a direita: Tainá, Milena e Helena, que estudavam na Escola Tasso da Silveira na época do massacre. Milena foi uma das vítimas (Foto: Tainá Bispo/ Arquivo pessoal)
Da esquerda para a direita: Tainá, Milena e Helena, que estudavam na Escola Tasso da Silveira na época do massacre de Realengo. Milena foi uma das vítimas (Foto: Tainá Bispo/ Arquivo pessoal)

Saudade e dor. Estes são os principais sentimentos descritos por amigos e familiares dos 12 adolescentes mortos no massacre promovido por Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, na Escola Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio — o atirador foi baleado e atirou na própria cabeça após os assassinatos .
O crime completa cinco anos nesta quinta-feira (7), e as lembranças daquela manhã de horror ainda parecem muito vivas para quem convivia com as vítimas.
“Todo dia eu penso nela. Não adianta. Não tem jeito”, desabafa Tainá Bispo, de 23 anos, irmã de Milena dos Santos Nascimento, que tinha 15 anos quando foi morta.
"Todo dia eu penso nela. Não adianta. Não tem jeito"
Tainá Bispo,
irmã de Milena, morta no massacre de Realengo
Tainá conta que na manhã em que o crime ocorreu ela acordou indisposta, mas foi convencida justamente por Milena a ir para a escola. As duas e a irmã caçula, Helena, estudavam na Tasso da Silveira.
“Era um dia normal. Mas eu não queria ir. Mas minhas outras duas irmãs estudavam lá. Cheguei a pedir para ficar em casa. Mas a minha mãe falava que ou ia uma para a escola ou não ia nenhuma. A Milena insistiu muito. Fomos. Ela adorava fazer teatro e nesse dia tinha aula”, lembrou a jovem.
Tainá estudava no mesmo andar que Milena, em uma sala bem próxima de onde Wellington começou os ataques. Ela recorda dos sons dos tiros e destaca que sua turma foi salva pelo professor. 

 As irmãs Tainá, de vermelho, e Milena, de laranja (Foto: Tainá Bispo/ Arquivo pessoal)
Massacre de Realengo: as irmãs Tainá, de
vermelho, e Milena (Foto: Arquivo pesso
“Da primeira sala, ao lado da nossa, ouvimos alguns barulhos, que não identificamos imediatamente como tiros.
O professor saiu e logo voltou muito assustado. Mandou todos abaixarem e se escondeu também”, contou.
Após o tiroteio, Tainá foi encaminhada para fora do prédio, onde encontrou Helena. A notícia de que a irmã do meio havia morrido foi dada por Brenda Tavares, melhor amiga dela, que só sobreviveu porque se fingiu de morta.
“Ela disse: ‘Tainá, a Milena morreu’. Ela tinha uma mecha de cabelo na mão e disse que era dela”, contou Tainá.

Manhã  difícil de esquecer

Kelly Guedes perdeu a irmã Géssica Guedes Pereira, que era dez anos mais nova que ela, no massacre.
A casa da família fica perto da Escola Tasso da Silveira e ela relembra que foi acordada, em meio a grande confusão, com o anúncio de que uma tragédia havia acontecido com a caçula.
Kelly Guedes, à direita, com a irmã e a estátua que representa Géssica, que perderam no massacre da Escola Tasso da Silveira (Foto: Kelly Guedes/ Arquivo pessoal)
Kelly Guedes, à direita, com a irmã abraçadas à estátua que representa Géssica, morta no massacre de Realengo, na Escola Tasso da Silveira (Foto: Kelly Guedes/ Arquivo pessoal)

“Acordei com o barulho do helicóptero e uma pessoa batendo aos murros no portão, com alguém dizendo que a minha irmã tinha sido sequestrada. Eu desci correndo as escadas e fui correndo com roupa de dormir pela rua. Quando cheguei na porta da escola, estavam saindo corpos, todo mundo gritando”, relembra Kelly, com a voz um pouco embargada.
Baleada na cabeça, Géssica foi levada ainda com vida para o Hospital Albert Schweitzer.
Depois, foi transferida para o Hospital de Saracuruna, onde morreu. Kelly diz ter dificuldades de entrar no Albert Schweitzer até hoje e afirma que, após a morte da irmã, sua vida nunca mais voltou a ser a mesma.

“Eu era a irmã mais velha. Minha mãe viajava e eu cuidava dela. No começo, eu tinha uma revolta. No meu modo de pensar, aquele lugar não tinha mais que existir e todos que estavam lá tinham que ser punidos, porque deixaram aquilo acontecer. Porque eu achava que era um erro. Ela foi para a escola e foi morta lá. Fiquei muito revoltada”, desabafou.

Vidas  alteradas
Ao longo deste cinco anos, Kelly enfrentou vários problemas de saúde, mas ela acredita que o pior é a saudade. Ela diz que o filho a mantém em pé.

“Eu tenho um filho de sete anos, que na época tinha dois. E eu tenho que explicar tudo para ele. Às vezes, tenho medo de mandá-lo para a escola. Tenho medo que aconteça algo com ele. Tem dias que estou sorrindo, mas meu coração está apertado e dolorido”, contou.

Tainá também teve a vida alterada após o massacre de Realengo. Ela continuou na escola, porque a irmã desejou voltar. Mas as lembranças daquela manhã de 7 de abril de 2011 a perseguiam. As duas irmãs acabaram saindo da Tasso da Silveira.

“É dolorido porque, quando você lembra, revê tudo. É doído. As pessoas dizem que o tempo vai curar a dor, mas ela só aumenta”, assegura Tainá Bispo.

Pouco tempo após a morte de Milena, a família ganhou mais um integrante: Davi, um irmãozinho para Tainá e Helena. O nascimento da criança as ajudou a continuar caminhando, mesmo com a dor.

“Quando a Milena morreu, minha vontade de viver morreu com ela. Mas quando o Davi nasceu, surgiu uma nova esperança”, revelou a jovem.
Gessica Guedes, uma das vítimas da chacina na Escola Tasso da Silveira, em Realengo (Foto: Kelly Guedes/ Arquivo pessoal)
Gessica Guedes, uma das12  vítimas da chacina na
Escola Tasso da Silveira, em Realengo
(Foto: Kelly Guedes/ Arquivo pessoal)


Tem dias que estou sorrindo, mas meu coração está apertado e dolorido"
Kelly Guedes,
irmã de Gessica, morta no massacre de Realengo

União e luta

As famílias de todas as vítimas do massacre na Escola Tasso da Silveira formaram a 
“Associação dos Anjos de Realengo”, que promove ações contra o bullying e combate a violência nas escolas.
O objetivo da luta é evitar a formação de outros jovens que, assim como Wellington, resolvam vingar os assédios morais com um ato tão violento.
O autor do massacre havia sido aluno da Tasso da Silveira, onde teria sido vítima de bullying, suposta motivação atribuída para que ele planejasse o massacre.

Wellington Menezes de Oliveira, homem que atirou contra escola municipal Tasso de Oliveira, em Realengo (Foto: Divulgação/Seseg)
Wellington Menezes de Oliveira, homem que abriu
fogo na Escola municipal Tasso de Oliveira,
em Realengo, teria sido vítima de bullying quando
estudou lá (Foto: Divulgação/Seseg)

O símbolo do grupo é uma fita verde, que simboliza a esperança em um futuro melhor nas escolas, onde outras famílias não precisem passar anos guardando as lembranças de um crime.


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