domingo, 24 de março de 2013




Maquiadas, escolas de lata que Alckmin 'extinguiu' sobrevivem na zona sul da capital



Qui, 21 de Março 2013 - 15:02

Unidades foram reformadas e receberam paredes externas de alvenaria, mas por dentro continuam iguais.






Por: Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual
Com sua existência negada pela Secretaria Estadual da Educação, as chamadas escolas de lata ainda fazem parte do cotidiano de crianças e adolescentes na periferia de São Paulo. A visita a seis unidades escolares em três bairros da região do Grajaú, no extremo sul da capital, é suficiente para flagrar estrutura e telhados metálicos. Alunos e funcionários entrevistados confirmaram que as divisórias das salas e as escadas também são feitas de metal. Somente as paredes externas receberam estrutura de alvenaria, em reformas recentes, insuficientes para aplacar o calor do lado de dentro.
A Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão responsável pela administração dos contratos de obras da rede estadual de ensino, evita o uso do termo de lata para definir as escolas construídas com zinco, utilizando a definição "padrão Nakamura". Porém, a própria entidade afirmou em nota que este padrão foi desconfigurado com as reformas realizadas nos últimos anos. A FDE informou que as unidades foram construídas entre 1998 e 2001.
Um plano de metas com dez objetivos na educação para 2010, do então governador José Serra (PSDB), pretendia extinguir as escolas "padrão Nakamura". Em diversas oportunidades, o atual governador Geraldo Alckmin, também tucano, negou a existência de escolas de lata, que ele mesmo prometeu extinguir ainda no seu primeiro mandato como governador eleito, em 2003. O tema já foi amplamente utilizado em campanhas eleitorais, sobretudo no município de São Paulo, onde as escolas de lata foram extintas em 2007.
No entanto, as escolas estaduais (EE) Moraes Prado I e II, no bairro de mesmo nome, mantêm a controversa estrutura. Um funcionário, que pediu para não ser identificado, afirmou que a escola foi apenas embelezada.“Retiraram as placas externas e fizeram paredes de alvenaria. Mas todo o vigamento, as divisórias das salas e o telhado são da mesma estrutura original. É um inferno no verão, principalmente as salas do piso superior, mais próximas ao teto. Tem um forro de PVC que não resolve nada”, disse.
Para o ex-diretor de escola pública, hoje professor universitário e deputado estadual Carlos Giannazi (Psol), a situação demonstra o descaso com a educação. “As escolas são maquiadas para parecer que se resolveu o problema. Faz um muro por fora, pinta, mas por dentro é a mesma coisa. Elas deviam ser provisórias e estão aí há mais de uma década. Nós já denunciamos isso várias vezes, mas nada acontece. É uma representação do descaso com as crianças e os profissionais que atuam na periferia, além de demonstrar a falta de investimento na área educacional”, analisa Giannazi.
Nas EE Jardim Gaivotas I, II e III, um funcionário que se identificou como assistente de direção fechou o portão da escola quando percebeu a presença de repórter e fotógrafo, dizendo que ninguém entraria ali. Exaltado, acabou afirmando que as unidades do local “são todas de lata mesmo”, embora tenham sido reformadas recentemente. Nesta escola, além do problema de estrutura, alguns alunos iniciam as aulas às 11h e saem às 15h, o que caracteriza o chamado "turno da fome", período de aulas realizado no horário do almoço, também supostamente extinto na rede pública paulista.
O ex-aluno Alex Neiva, de 21 anos, relata como foi estudar em escolas de lata durante sete anos. “Estudei na Gaivotas II e na III. Fiz da 5ª série do fundamental ao terceiro ano do ensino médio. As salas sempre foram muito quentes e, geralmente, os ventiladores estavam quebrados. O forro não segura o calor, parecia uma sauna. Mas quando fazia frio a sala ficava gelada. Além disso, as paredes são muito finas e, quando um professor falava mais alto ou a turma do lado fazia barulho, ficava difícil entender o que o nosso professor falava”, explicou.
Outra escola visitada foi a EE Otoniel Assis de Holanda, na Chácara Tanay, com o mesmo padrão de reforma externa de alvenaria e estrutura de lata por dentro. A FDE informou que todas as escolas térreas tiveram suas paredes metálicas substituídas por alvenaria. No entanto, confirmou que nas escolas com dois andares o procedimento foi realizado somente nas paredes externas das unidades.
“As escolas construídas no 'padrão Nakamura' foram a alternativa encontrada pelo estado para respeitar as restrições ambientais de áreas de preservação, onde há falta de terrenos públicos, e garantir o atendimento aos alunos que vivem em regiões com aumento desordenado da população devido a invasões e ocupações irregulares”, informou a fundação, sem explicar se possui algum plano para acabar com as escolas de lata.
fonte: http://www.apeoesp.org.br/noticias/noticias/maquiadas-escolas-de-lata-que-alckmin-extinguiu-sobrevivem-na-zona-sul-da-capital/

2 comentários:

  1. Olá, Prof. Maria do Socorro.
    Gosto do seu "papo" e já sou seguidor.
    Abraço
    António Pereira
    http://acordo-ortografico.blogspot.com
    http://portuguesemforma.blogspot.com

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  2. Olá professora !
    Sou colega de magistério aqui no RJ. Também por aqui as coisas não andam nada boas.
    Descobri o blog enquanto pesquisava sobre a avaliação das secretarias estaduais de educação sobre os docentes.
    Prometo voltar com mais calma.
    Finalizando, aproveito a oportunidade e deixo o link do meu blog.
    Att,
    Claudio.
    http://claudio-santos.blogspot.com

    Ou pelo google :"so pode ensinar quem gosta de aprender".

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