Apologia ao crime ou respeito à realidade do aluno?
Jamanta comprou 200 gramas de heroína que pretende revender com um lucro de 20% graças ao “batismo” com pó de giz. Qual é a quantidade de giz que ele terá que colocar?
Não, o trecho acima não faz parte de uma ligação interceptada pela polícia. A absurda questão compôs um teste de matemática aplicado a alunos de duas turmas de Ensino Médio, da Escola João Octávio dos Santos, no Morro do São Bento, de Santos, SP. Eram seis questões que envolviam matemática, mas tratavam, também, sobre o tráfico e assassinatos.
O exercício era para ser resolvido em sala de aula, uma aluna não entendeu o enunciado e o levou para casa. A mãe, perplexa, avisou as autoridades. O professor foi afastado e disse que aplicou a avaliação apenas para saber como estavam os conhecimentos dos estudantes sobre a disciplina. Ele será acusado de fazer apologia ao crime.
Há uma corrente pedagógica responsável por defender o uso da realidade do aluno na sala de aula. Os estudantes do Morro do São Bento podem estar vulneráveis ao crime, já que o lugar possui problemas relacionados ao tráfico de drogas. E agora? O professor fez uso da referida pedagogia ou apologia ao crime?
EU TENHO ÉTICA!
Professor de Santos é investigado por apologia do crime
Docente aplicou problemas sobre venda de drogas, armas e crimes. Polícia intima acusado e diretora da escola a depor
Um professor de matemática de uma escola estadual está sendo investigado pela Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Santos, no litoral de São Paulo. De acordo com o delegado Francisco Garrido Fernandes, o docente da Escola Estadual João Octávio dos Santos, no Morro do São Bento, aplicou problemas matemáticos com contextos impróprios e sobre atividades ilícitas como venda de drogas, roubo de carros, armas e prostituição.
Em uma das questões apresentadas aos estudantes do 1º ano do ensino médio, o professor perguntava sobre a mistura de cocaína com outras substâncias, como pó de giz e bicarbonato de sódio. Outra questão fazia os estudantes calcularem quantas rajadas uma arma AK-47 poderia disparar. O caso foi revelado em reportagem do jornal “A Tribuna de Santos” desta sexta-feira.
Os pais de uma aluna da escola denunciaram o caso e registraram um Boletim de Ocorrência na Delegacia Seccional de Santos na manhã da última quarta-feira (16). Segundo informações da Polícia Civil, o B.O. registra que os pais exibiram um caderno com “anotações de exercícios de matemática que consistiriam em cálculos de lucros obtidos em situações hipotéticas que configurariam crimes”.
A Secretaria de Estado da Educação instaurou uma investigação e afastou o professor de matemática. Enquanto o processo interno não for concluído a Secretaria não irá se posicionar sobre o caso, por entender que não pode “correr o risco de caracterizar prejulgamento”.
A Dise abriu inquérito para apurar se houve apologia do crime e intimou o professor acusado e a diretora da escola a depor na próxima segunda-feira.
EU TENHO ÉTICA!
Talvez essa tenha sido a única maneira encontrada pelo professor para chamar a atenção dos alunos.Quem somos nós para julgarmos esse professor?
ResponderExcluirO que é absurdo para alguns,pode não ser para outros.Tudo depende do nosso modo de encararmos a situação.