quinta-feira, 13 de dezembro de 2012




NOSSA EDUCAÇÃO 'LANTERNINHA

O sistema educacional brasileiro ficou quase em último lugar - na "vice-lanterninha", mais precisamente -, numa lista preparada por uma empresa que a maioria dos brasileiros desconhece, a Pearson, para uma consultoria igualmente desconhecida entre nós, a britânica EIU (Economist Intelligence Unit). Espíritos mais ufanistas, tomados de fúria patriótica, podem reagir com indignação, alegando que gente estranha, que nada sabe sobre o nosso país, não tem autoridade para se manifestar a respeito do que acontece em nosso país.


Felizmente, esse tipo de ufanismo está fora de questão, na atualidade. Talvez tivesse cabimento um século atrás, quando o Brasil ainda se consolidava como nação independente e a precariedade dos meios de comunicação dificultava a circulação das informações. Hoje, porém, o que prevalece é o conhecimento amplo e profundo de tudo o que acontece, em todos os setores, inclusive a respeito do sistema educacional brasileiro. Infelizmente, o que se sabe a esse respeito coincide com o que foi apurado na pesquisa global da Pearson.

Nessa pesquisa, foi considerado o ensino em 40 países, ficando o Brasil em 39o lugar, à frente só da Indonésia. Entre os critérios levados em conta, estavam notas obtidas por estudantes em testes internacionais aplicados entre 2000 e 2010, a qualidade dos professores, o número de alunos dos ciclos básicos que chegaram ao ciclo superior. Não surpreende, pelo que se sabe do nosso ensino, que tivéssemos ficado entre os últimos.

Ao contrário de reagir com indignação, o mais correto de nossa parte é colocar em debate os procedimentos necessários para elevar os níveis do ensino no país. Foi, por sinal, como reagiu a Alemanha poucas décadas atrás, quando a educação germântica teve nota baixa em outras pesquisas globais. Alertado, o povo alemão discutiu o tema em profundidade e chegou a soluções que permitiram o resgate da qualidade do seu ensino.

Em português claro: a verdade é que a educação brasileira está atrasada e não pode mesmo aparecer na liderança desse tipo de pesquisa. Foi demonstrado poucos meses atrás que há analfabetos funcionais matriculados no ensino superior brasileiro. Ou seja: em algumas de nossas faculdades há estudantes que não conseguem entender o que leem. Na cidade de São Paulo, a mais pujante do país, até pouco tempo atrás muitos alunos chegavam à quarta série sem saber ler direito nem fazer as contas básicas.

Temos de reconhecer as nossas falhas, para corrigi-las. A Pearson e a EIU gozam de prestígio mundial e o que elas mostram, além de verdadeiro, é de grande utilidade para o Brasil. O que elas mostram, nessa pesquisa, deve servir de balizamento para a salvação da educação brasileira. 

Editorial de 1 de dezembro de 2012 - publico pelo jornal Diário de S.Paulo.
SECOM/CPP

Um comentário:

  1. SOU PROFESSORA, SEI DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO QUE ENFRENTAMOS, RECONHEÇO QUE NOSSO SALÁRIO É PÍFIO, MAS O QUE NÃO DÁ É FINGIRMOS QUE SOMOS MEROS COITADINHOS. TRABALHO EM UMA ESCOLA PÚBLICA ONDE TODOS OS DIAS PELO MENOS UM PROFESSOR FALTA AO SERVIÇO. COMO PODEMOS EXIGIR RESPEITO SE NÃO TRATAMOS NOSSOS ALUNOS COM ESTE RESPEITO EXIGIDO? AS AULAS SÃO MAÇANTES E DADAS COMO O ERAM A 30 ANOS ATRÁS E A DESCULPA É SEMPRE A MESMA: NOSSOS SALÁRIOS SÃO BAIXOS! PORÉM NUNCA FOMOS ENGANADOS, AO FAZERMOS O CONCURSO TODOS LEMOS O EDITAL. TODOS SABEM DAS CONDIÇÕES, ENTRAM PORQUE QUEREM. O QUE NÃO PODEMOS É FICAR BANCANDO OS MÁRTIRES. CHEGA DE FICARMOS APENAS RECLAMANDO, PRECISAMOS DE RESPEITAR MAIS NOSSOS ALUNOS SENDO CRIATIVOS EM NOSSAS AULAS, SENDO RESPONSÁVEIS E NÃO FALTANDO TANTO AO SERVIÇO.

    ResponderExcluir