domingo, 2 de fevereiro de 2014

Relatório da UNESCO aponta que no Brasil o aluno está na sala de aula, mas não aprende.






O mais novo relatório  da UNESCO indica que a má qualidade é o principal problema da educação brasileira, isso porque estamos numa época em que especialistas de  ensino do mundo inteiro se preocupam em como adequar a  educação atual às novas tecnologias que invadem o cotidiano escolar e a vida das pessoas em uma velocidade impressionante.

Apesar desta  conclusão em relação a qualidade do ensino brasileiro,  neste último relatório  a UNESCO reconhece que  houve progressos  na universalização do ensino,o grande  problema é que a universalização  não acompanha a qualidade que vem se dando de forma muito  lenta ou nula.
O Brasil ainda é o 8º país no mundo com grande índice de analfabetos, são treze milhões de brasileiros que não sabem ler nem escrever,isso sem contar os “alfabéticos funcionais” que também são milhões e não entraram nesse relatório.
A má qualidade se deve aos  muitos  problemas que estão historicamente presentes na educação brasileira, especialmente na educação pública com uma política educacional cada dia mais  equivocada e vitimizada pelo partidarismo político.
Nessa educação capenga   praticamente todos os profissionais que atuam nas escolas recebem baixos salários, temos atualmente um verdadeiro exército de  professores cada vez mais frustrados que não exercem mais a função com profissionalismo e milhares que  são sufocados pelas  dificuldades diárias da realidade escolar, além disso temos o pior  problema atual que é a ausência dos pais que não participam na educação dos filhos. 

Após a divulgação destes relatórios da UNESCO ,a sociedade tem  se perguntado porque crianças e jovens não se adaptam à escola e cada vez mais aumenta o número daqueles  não conseguem aprender.
As autoridades se escondem atrás das mais variadas desculpas e  muitos se arriscam em encontrar respostas extremamente preconceituosas,nesta busca dos culpados esquecem a política e os investimentos necessários para a educação e depois de culparem os professores que são taxados de “incompetentes” e mal formados,terminam jogando o problema para as questões cognitivas dos alunos ,reforçando a antiga ideia de que alunos pobres são inferiores e que o problema é agravado pelo fato deles virem de lares desfeitos, pais desinteressados, etc.
A própria Unesco faz coro junto a  muitos setores da sociedade brasileira que lutam por uma educação de qualidade quando critica o fato de as políticas sociais e educacionais não reduzirem a disparidade de investimento por aluno no país,ou seja, os alunos do nordeste custam menos do que os alunos do sudeste e o  Brasil investe seis vezes menos em cada aluno do que os EUA.
A péssima  qualidade da educação brasileira é preocupante pois,caso a situação não seja revertida nos próximos anos , a força de trabalho será diretamente prejudicada  e essa preocupação já atinge as industrias brasileiras que teme os resultados disso nas próximas décadas,isso porque a formação de nossos alunos  e consequentemente de nossos profissionais será cada vez mais deficitária e desqualificada,gerando uma massa de desempregados de um lado e uma  sobra de emprego do outro lado,porque não haverá profissionais habilitados para ocupá-los.

Qual a alternativa para reverter tal situação?
A conscientização de que não podemos continuar a espera de um milagre, é fundamental continuar a investir em projetos que estão dando certo,respeitando a individualidade de cada grupo e características espaços geográficos e culturais, investir na valorização dos professores não somente na questão salarial,mas de formação e qualidade de vida ,buscar parcerias com a família e a comunidade local e finalmente rever o papel da escola na sociedade atual, com a participação de todos neste  debate,em busca de uma educação de qualidade. 

M. Socorro



Unesco aponta má qualidade como principal problema da educação
29/1/2014 10:53
Por Redação, com DW - de Brasília


Nenhum dos seis objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) será cumprido globalmente até 2015, segundo o Relatório de Monitoramento Global Educação para Todos.
O levantamento, que será divulgado nesta quarta-feira em Brasília e em Adis Abeba, na Etiópia, aponta que 250 milhões de crianças não conseguiram aprender o básico na escola primária e que um quarto da população jovem do mundo não é capaz sequer de ler parte de uma frase.

Apontado diversas vezes como exemplo positivo, o Brasil conseguiu atingir as metas de “educação primária universal” e “habilidade de jovens e adultos”, mas ainda precisa avançar para melhorar a qualidade do ensino e diminuir os índices de analfabetismo.
Treze milhões de brasileiros não sabem ler nem escrever, o que faz do Brasil o oitavo país com maior número de analfabetos.
- O grande nó crítico do país é a qualidade da educação, especialmente em relação ao aprendizado.
O aluno está na sala de aula, mas não aprende.
É uma exclusão intraescolar: 22% dos alunos saem da escola sem capacidades elementares de leitura e 39% não têm conhecimentos básicos de matemática.
De qualquer maneira, não podemos negar os grandes avanços que o Brasil apresentou”, afirma Maria Rebeca Otero, coordenadora de educação da Unesco no Brasil.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é visto como uma política de sucesso.
O relatório diz que o fundo aumentou em 20% a frequência escolar entre as crianças mais pobres e elevou o número de matrículas, especialmente no norte do país. “O Fundeb é tido como um exemplo para o mundo, mas devemos destacar que a gestão dos recursos ainda é muito deficitária”, avalia Otero.
A Unesco critica o fato de as políticas sociais e educacionais não reduzirem a disparidade de investimento por aluno no país.
Em 2009, o Estado gastou 611 dólares por aluno do ensino primário na região Nordeste, metade do que é investido em um estudante do Sudeste.
O mínimo de gasto para uma educação adequada seria US$ 971 por aluno, diz a publicação.
Valorização dos professores

O relatório, intitulado Ensinar e aprender: atingindo a qualidade para todos, destaca que cerca de 10% do gasto na educação infantil no mundo é perdido devido às falhas no sistema de ensino.
A crise global do aprendizado custa aos governos 129 bilhões de dólares por ano. “No estágio atual, os países simplesmente não podem reduzir o investimento em educação”, ressalta o texto.
A Unesco conclui que a valorização dos professores pode mudar esse cenário e faz um alerta aos governos para que ofereçam melhores condições de trabalho a esses profissionais.
“É preciso atrair melhores candidatos e preencher as vagas. Eles precisam ser treinados para entender as necessidades das crianças e também ser valorizados, com melhores salários e planos de carreira”, diz Otero.
O especialista em políticas públicas de educação Erasto Fortes, membro do Conselho Nacional de Educação, afirma que o governo deve se comprometer a construir uma política nacional de formação de professores e oferecer programas de especialização, como prevê o Plano Nacional de Educação (PNE). “O piso salarial, que é muito baixo, também precisa corresponder à média paga a outros profissionais que tenham o nível de formação de ensino superior. Ainda assim, estados e municípios têm recorrido à Justiça para fazer com que essa lei não tenha vigência, em função de dificuldades orçamentárias”, critica.
De acordo com a Unesco, será necessário recrutar 5,2 milhões de professores em todo o mundo até 2015.
Ainda sem um Plano Nacional
O Brasil está sem um Plano Nacional de Educação desde 2011.
O primeiro, aprovado em 2001, teve vigência de dez anos.
O novo texto que tramita no Congresso Nacional estabelece 21 metas para aprimorar a educação no país. “O problema principal a ser considerado é o prazo. O Congresso ainda não cumpriu com sua competência de aprovação do plano e precisa ser mais ágil”, considera Fortes.
O PNE foi aprovado no Senado em dezembro de 2013, mas, como houve modificações, o texto voltou para a Câmara dos Deputados. A nova versão é alvo de críticas de movimentos de educação, que veem um tom “privatista” nas mudanças.
Como exemplo do impacto do novo texto aprovado pelos senadores, o especialista em financiamento da educação José Marcelino de Rezende Pinto explica que o Fies, que permite ao estudante financiar as mensalidades das instituições privadas, e o Prouni, que oferece bolsas de estudo em universidades particulares, seriam considerados gastos públicos. “É muito pior, porque infla o gasto e considera todos os repasses ao setor privado como gasto público. É o velho artifício de incrementar o gasto educacional”, diz.
O coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, teme que o PNE não seja aprovado na Câmara antes das eleições, em outubro. “Durante todo o processo, o governo federal tentou protelar a votação. Se a pressão das eleições não fizer com o que o governo aprove o plano, o debate pode ficar para 2015 ou 2016. É um momento muito delicado”, avalia.
Financiamento da educação
Pressionado pelos protestos de junho do ano passado, o Congresso Nacional aprovou em setembro a destinação de 75% dos royalties do petróleo para a educação.
Para Marcelino, os recursos não serão suficientes para bancar a elevação de 10% do PIB para gastos em educação, como prevê o PNE.
No relatório, a Unesco estabelece que o mínimo a ser investido é 6% do PIB. De acordo com a entidade, o Brasil destina 5,9%. Segundo Marcelino, esse parâmetro internacional não pode servir de comparação. “Países ricos gastam cerca de 6% do PIB, mas o montante deles é muito maior. O que deve ser analisado é o gasto por aluno. Os Estados Unidos, por exemplo, investem seis vezes mais do que o Brasil”, diz.

O especialista argumenta que, para cumprir a meta de 10% do PIB para educação, o Congresso deverá fazer um grande esforço orçamentário. “O próprio ministro da Educação, Aloísio Mercadante, admitiu que os royalties não seriam suficientes. Agora, tudo depende da batalha dos deputados. Só o petróleo não dá. Acho que o exemplo da Copa é interessante: quando se precisa de dinheiro, ele aparece.”

fonte:http://correiodobrasil.com.br/educacao/unesco-aponta-ma-qualidade-como-principal-problema-da-educacao/680640/

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