domingo, 2 de novembro de 2014

VETO DO GOVERNADOR NÃO AUTORIZA A CONTRATAÇÃO DE PSICOLOGOS PARA ATUAREM NAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL





Li no site da RedePsi  uma reportagem do ano passado que denuncia  o veto do o Projeto de Lei 442/07 de autoria da deputada Ana do Carmo (PT) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), este projeto foi aprovado no final de 2012, o PL autorizava a Estado a criar cargos de psicólogo e assistente social nas escolas estaduais da educação infantil, fundamental e ensino médio, confesso que me surpreendeu um projeto deste “passar” pelos deputados estaduais da base governista que só votam projetos do interesse do governo, esse pessoal não deixa nada passar é como se fossem eleitos para representar o governador e não o povo que depositou um voto de confiança neles.O "cochilo" dos governistas, neste caso obrigou o governador a entrar em ação com o veto, contradizendo as promessas de campanha em relação a mudanças na educação publica do estado, que continua a amargar com baixos índices de proficiência nas avaliações nacionais, internacionais e do próprio estado como é o caso do SARESP.

Segundo o site RedePsi, o secretário ignorou o ofício solicitando audiência e não chamou os representantes das entidades para uma reunião.

A justificativa do governador em relação ao veto é que o intuito do governo é evitar novos custos e de que esses serviços já são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelos conselhos tutelares.

O veto da PL que autoriza o Estado a criar cargos de psicólogo e assistente social nas escolas estaduais é uma vergonha! A SEE mais uma vez ignorou uma PL que visa melhorar a educação do Estado, provavelmente por julgar que nossas escolas publicas não possuem problemas e o argumento do governador é no mínimo hilário, pois quer “evitar novos custos”.

Esse mesmo governo que busca “evitar custos”, no mês de junho (13),quando as atenções dos paulistas estavam focadas no boicote contra  copa do mundo e nas manifestações populares ,saiu publicado no Diário Oficial do Estado a compra de 5.200 assinaturas semestrais da revista Veja para serem distribuídas nas escolas da rede pública sem licitação.
Segundo o site da Rede Brasil, o” valor contratado foi de R$ 669.240,00, a ser desembolsado em nome da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, órgão do governo estadual.”
Só para lembrar, a revista Veja não possui um perfil editorial educativo e não está direcionada para a faixa de estudantes do fundamental I e II, geralmente estas revistas nem chegam às salas de aula, pois seu conteúdo nem sempre é apropriado para crianças, geralmente grande parte destes exemplares comprados para as escolas ficam encostados em alguns ambientes da escola, isso na realidade é improbidade administrativa.

O argumento do governador de evitar novos custos na educação em relação à presença do psicólogo na escola e a contratação das assinaturas da revista Veja por uma quantia considerável sem licitação mostra nitidamente a politica educacional vergonhosa do estado de São Paulo.

Qual a importância de um Psicólogo na Escola?

Nas últimas décadas percebe-se que esta politica de evitar novos custos com a prevenção de problemas na educação tem gerado outros problemas ainda mais sérios e preocupantes como o consumo de crack entre alunos do fundamental I.

A presença de um psicólogo na escola seria uma abordagem de ação preventiva na educação e na formação de nossos alunos, isso porque a Psicologia Escolar sai do foco do tratamento e correção para "antecipar-se” aos mais variados problemas do cotidiano escolar e da práxis pedagógica na escola. A concepção de um psicólogo no contexto educacional se dá como um “agente de mudanças”
.
A Prof.ª Carmem Silvia de Arruda Andaló do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina define o psicólogo na escola como “um elemento catalizador de reflexões, um conscientizador dos papéis representados pelos vários grupos que compõem a instituição”.

A escola atual é um verdadeiro “cadinho” de problemas sociais, as queixas básicas comumente encontradas entre os docentes referem-se ao desinteresse, à dispersividade e apatia dos alunos em relação à aprendizagem e aos estudos gerando baixo rendimento.

A comunidade escolar como um todo tem dificuldades em lidar também com a agitação a agressividade e a rebeldia refletindo os mais variados graus de violência física, emocional e social no interior da escola.
Entre os educandos destacam-se as dificuldades na relação professor-aluno, isso porque a tendência geral da escola é sempre focar as causas destas dificuldades nos alunos. 

Neste contexto conflituoso da escola atual, o maior desafio é a superação da dificuldade de diálogo entre a família e a escola, nessa perspectiva o psicólogo na escola como agente de mudanças, poderia desfocar a atenção sobre o outro como único culpado pelos problemas no contexto escolar, propiciando uma visão mais ampla dos problemas, considerando todos os seus aspectos para encontrar formas alternativas de enfrentá-los coletivamente.

O psicólogo na escola além de seu papel como agente de mudanças nas relações sociais da comunidade escolar e como suporte ao projeto pedagógico da escola pode também contribuir com uma abordagem de intervenções voltadas para os processos dos indivíduos, pois consideramos inúmeros casos onde as dificuldades de aprendizagem e desajustamentos emocionais e sociais são do próprio aluno e não da escola como instituição. Nestes casos que necessitam de um enfoque mais clínico, o psicólogo escolar encaminha e acompanha o desenvolvimento de tratamentos.

A Psicóloga Cecília Brito,Pós-graduada em Educação Infantil e Neuropsicologia,destaca as principais atribuições do psicólogo escolar que estão elencadas abaixo:


  • ·        Assessoria na elaboração, implementação e avaliação de projetos pedagógicos coerentes com os vários segmentos da escola;
  • ·        Avaliação dos alunos de acordo com os projetos implementados;
  • ·        Análise e intervenção relacionadas às interações em sala de aula;
  • ·        Desenvolvimento de programas junto aos pais, orientando sobre questões facilitadoras de aprendizagem;
  • ·        Diagnóstico e encaminhamento de problemas relativos a queixas escolares


Na minha opinião o governador reeleito e o secretario  da SEE de São Paulo necessitam urgentemente de  tecer um novo olhar sobre as escolas publicas do estado que agonizam em meio ao caos que se estabeleceu  ao longo de sua história , a presença de um psicólogo nas escolas publicas contribuiria para o entendimento e a superação  das mais variadas  formas de conflitos de relações  presentes no contexto escolar . 

Segundo Cecília Brito” O psicólogo escolar contribui para o entendimento de diferentes formas de subjetividade construídas e mediadas pela relação dialógica, seja entre corpo docente e discente, entre a instituição e os sujeitos que dela fazem parte, entre pais e professores, entre pais e alunos e entre os próprios alunos. É este olhar mais "humanista" que favorece a descoberta de potencialidades, muitas das vezes, encobertas, adormecidas e impedidas de se manifestarem.”

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931984000100009 O papel do psicólogo escolar
A prof.Carmem Silvia de Arruda Andaló do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina



Leia nas postagens abaixo as reportagens citadas:

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