quinta-feira, 8 de março de 2012


Professor da USP: Saresp mostra que ensino não avançou em SP
08 de março de 2012  08h48



ANGELA CHAGAS
Dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), divulgados na quarta-feira pelo governo estadual, apontam que o desempenho dos estudantes do ensino médio, principalmente em matemática, permanece abaixo do esperado.
Segundo o professor de avaliação e política educacional da Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Munhoz Alavarse, desde que o programa passou a utilizar a metodologia dos exames nacionais - que permite a comparação dos dados - houve uma estagnação dos resultados. "O desempenho dos estudantes é praticamente o mesmo desde 2007. Isso mostra que a política educacional não avançou como deveria", afirma o pesquisador.
Alavarse defende o Saresp como forma de avaliação do ensino no Estado, mas critica a "falta de planejamento com os resultados". "As avaliações só servem quando são utilizadas para planejar o ensino. O resultado precisa chegar ao professor, precisa ser feito um trabalho pedagógico, definir as principais carências e trabalhar em cima delas", diz.
 Segundo ele, não basta premiar os professores com melhor desempenho e distribuir laptops para os alunos com notas mais altas.
"Isso é muito maior. Passa pela realização de concurso público para professores - reduzindo o número de servidores temporários nas escolas -, por um projeto pedagógico que incentive o aprendizado", afirma. Para o pesquisador, o baixo desempenho dos alunos é um problema que afeta todo o Brasil, mas avalia que São Paulo, por ser um Estado com mais recursos financeiros, deveria dar o exemplo para o País. "Além da valorização dos professores, isso passa também pelo investimento na estrutura física das escolas", completa.
O pior desempenho dos cerca de 900 mil estudantes que fizeram a avaliação no ano passado foi na prova de matemática do 3° ano do ensino médio. Mais de 58% dos 322.078 alunos que fizeram a avaliação apresentaram conhecimento abaixo do básico na disciplina ao concluir o ensino médio. Segundo Alavarse, desde 2007, apenas o desempenho dos alunos do 5º ano do ensino fundamental apresentou elevação. 
Os resultados do 9º ano fundamental e do 3º ano do ensino médio tiveram alterações mínimas nesses cinco anos.
"Quando a Secretaria de Educação começou a distribuir apostilas com um conteúdo único para todas as escolas, acreditava-se que o desempenho iria melhorar. Mas um material didático não resolve o problema do ensino e a secretaria precisa fazer uma avaliação disso", afirmou o professor da USP.
O secretário-adjunto da Educação, professor João Cardoso Palma Filho, afirmou após a divulgação dos dados que no último ano houve uma melhora nos resultados, mas concordou que ainda é preciso avançar. Sobre o que o governo tem feito para resolver o baixo desempenho dos estudantes, principalmente no ensino médio, ele disse que vários programas estão em andamento. "Estamos investindo na formação de professores e em novas ferramentas de avaliação, por exemplo, que beneficiarão toda a rede. Para o ensino médio temos dois programas importantes, a Rede Ensino Médio Técnico e o Ensino Médio Integral, entre outras ações como o curso de inglês online", disse.
Já o secretário Herman Voorwald afirmou por meio de nota que o ensino médio enfrenta um problema histórico. "Nosso desafio com o ensino médio é maior porque seu desempenho atual reflete todo um longo passado de exclusão no acesso ao ensino, que só começou a ser revertido a partir dos anos 1980".
Resultados do Saresp


Aplicado na rede estadual desde 1996, o Saresp é um instrumento utilizado pela Secretaria da Educação para avaliar o ensino básico em São Paulo. Os dados também servem para bonificar os professores e os estudantes com desempenho destacado ainda ganham prêmios, como laptops. Fizeram a última prova, em novembro de 2011, mais de 900 mil alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio.

De acordo com os resultados divulgados na quarta-feira, do total de 322.078 estudantes do ensino médio que fizeram a avaliação, 58,4% demonstraram ter conhecimento abaixo do mínimo. Em 2010, o percentual de alunos com nível abaixo do adequado havia ficado em 57,7%. 
Apesar disso, aumentou a porcentagem de estudantes com nível considerado adequado. Este ano foram 4,2% contra 3,6% na avaliação de 2010. Já em português, aconteceu uma ligeira queda de 37,9% em 2010 para 37,5% no nível abaixo do básico.
No 9º ano do ensino fundamental, 28% dos estudantes ficaram abaixo do nível básico em português, contra 28,4% em 2010. Já em matemática, a média passou de 34,9% em 2010 para 33,8 em 2011. Para os alunos do 5º ano, o percentual abaixo do mínimo de conhecimento atingiu 17,4% em português no último ano, contra 19,8% em 2010. Em matemática, a média ficou em 26% em 2011 contra 29% em 2010.
O Saresp classifica os alunos em quatro níveis: abaixo do básico (conhecimento insuficiente), básico (com conhecimento mínimo do conteúdo), adequado (com domínio do conteúdo) e avançado (aprende além do esperado). Levando em conta as notas médias dos estudantes do 3º ano, houve uma elevação em comparação com o ano passado em matemática, passando de 269,2 para 269,7.
Em português a nota média permaneceu a mesma: 265,7 pontos para alunos do ensino médio.
Terra

3 comentários:

  1. Os alunos estão precisando é de educação moral,
    não respeitam nem pai e mãe.
    A escola virou um ponto de distribuição de livros, merenda, passe escolar, drogas e nada mais

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  2. Em matemática o resultado é sempre melhor, afinal ela está mesmo mais distante da realidade do aluno, mesmo estando bem próxima, não é?
    Basta olhar para dentro das quatro paredes da sala de aula. O professor fica 10 minutos (numa aula de 45 ou 50 minutos) tentando fazer a chamada e inicia a matéria. Depois, ele tenta explicar e os alunos não o deixam falar, passa uma atividade e os alunos não fazem, passa uma lição ou trabalho para casa e eles não fazem. Se o professor resolver chamar os pais para tentar algum apoio extra classe para melhorar o desempenho do aluno ele certamente terá duas sortes:
    - uma se os pais comparecerem (coisa rara na maioria das escolas mesmo quando o horário é flexibilizado por conta do emprego desses pais);
    - outra se ele não constatar que a maior responsabilidade por conta do mau desempenho de seu filho é justamente dos pais.
    O aluno da educação básica em São Paulo, por exemplo, custa R$ 2632,00 aos cofres públicos. Isso é um investimento feito por todos nós (sociedade) nesses alunos. Alguém sabe o que se espera quando se faz um investimento? Retorno!
    Os alunos não são cobrados em nada pelo que é neles investido. A cobrança sempre recai sobre o Estado que por sua vez, transfere tal responsabilidade ao professor. O estado é formador de opinião, ele tem a grande mídia para falar e expressar suas idéias. O professor, não! O professor fica mesmo, diante da sociedade, como o maior culpado pelo fracasso da educação dentro do nosso País.
    O investimento por aluno é pífio, mas é um investimento social da mais alta importância.
    A formação de professores é inferiorizada pelo MEC. Ele não autoriza um curso de medicina ou engenharia em 3 anos, por exemplo. Ele não autoriza que alguém com alguma formação superior consiga o título de engenheiro com mais um ano de estudos, mas se você já tiver um curso superior pode se tornar professor com mais um ano de estudos (um ano de estudos bem fraco).
    Eu poderia ficar aqui falando por horas sobre os problemas enfrentados pela educação em nosso País, mas foi mesmo só um desabafo.
    Concluindo eu tenho a dizer que pode-se fazer o investimento que se fizer na estrutura das escolas, nos salários e conhecimentos dos professores, se não houver nenhuma cobrança social e institucional sobre os alunos e sobre os pais dos alunos também, nada adiantará! A sala de aula ainda é o ambiente onde se encontram aluno, professor e objeto a se conhecer. Enquanto a preocupação estiver fora da sala de aula, nada adiantará. Entenda sala de aula como qualquer ambiente escolhido para que o envolvimento entre professor, aluno e saber se dê.

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  3. Em matemática o resultado é sempre melhor, afinal ela está mesmo mais distante da realidade do aluno, mesmo estando bem próxima, não é?
    Basta olhar para dentro das quatro paredes da sala de aula. O professor fica 10 minutos (numa aula de 45 ou 50 minutos) tentando fazer a chamada e inicia a matéria. Depois, ele tenta explicar e os alunos não o deixam falar, passa uma atividade e os alunos não fazem, passa uma lição ou trabalho para casa e eles não fazem. Se o professor resolver chamar os pais para tentar algum apoio extra classe para melhorar o desempenho do aluno ele certamente terá duas sortes:
    - uma se os pais comparecerem (coisa rara na maioria das escolas mesmo quando o horário é flexibilizado por conta do emprego desses pais);
    - outra se ele não constatar que a maior responsabilidade por conta do mau desempenho de seu filho é justamente dos pais.
    O aluno da educação básica em São Paulo, por exemplo, custa R$ 2632,00 aos cofres públicos. Isso é um investimento feito por todos nós (sociedade) nesses alunos. Alguém sabe o que se espera quando se faz um investimento? Retorno!
    Os alunos não são cobrados em nada pelo que é neles investido. A cobrança sempre recai sobre o Estado que por sua vez, transfere tal responsabilidade ao professor. O estado é formador de opinião, ele tem a grande mídia para falar e expressar suas idéias. O professor, não! O professor fica mesmo, diante da sociedade, como o maior culpado pelo fracasso da educação dentro do nosso País.
    O investimento por aluno é pífio, mas é um investimento social da mais alta importância.
    A formação de professores é inferiorizada pelo MEC. Ele não autoriza um curso de medicina ou engenharia em 3 anos, por exemplo. Ele não autoriza que alguém com alguma formação superior consiga o título de engenheiro com mais um ano de estudos, mas se você já tiver um curso superior pode se tornar professor com mais um ano de estudos (um ano de estudos bem fraco).
    Eu poderia ficar aqui falando por horas sobre os problemas enfrentados pela educação em nosso País, mas foi mesmo só um desabafo.
    Concluindo eu tenho a dizer que pode-se fazer o investimento que se fizer na estrutura das escolas, nos salários e conhecimentos dos professores, se não houver nenhuma cobrança social e institucional sobre os alunos e sobre os pais dos alunos também, nada adiantará! A sala de aula ainda é o ambiente onde se encontram aluno, professor e objeto a se conhecer. Enquanto a preocupação estiver fora da sala de aula, nada adiantará. Entenda sala de aula como qualquer ambiente escolhido para que o envolvimento entre professor, aluno e saber se dê.

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